sábado, 29 de dezembro de 2018

SEM TÍTULO (NO FUTURO ME CASAREI)

No futuro me casarei
Com quatro mulheres
Casadas entre elas.
Uma cyberpantera
Que terei de alimentar todo dia.
Umx desgeneradx
Que ganhará o gênero feminino
Ao sentir o calor do café
Do café da manhã
(Seu gênero hibernará,
Então, até o próximo café
Do café da manhã).
Uma poliamorosa cósmica,
Yogini viciada em iogurte,
Mãe de duas bi gêmeas
Canábicas de dez anos
Em transicionamento:
Uma para transhacker incel,
Outra para transhalterofilista chad.
Uma ativista dos direitos
Não humanos, com tendência
Ecoextremista mas que,
Definitivamente,
“Não faz mal a um inseto”.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

A BOCA DA NOITE


O céu esclarece
Com uma face
Relativamente enjoada,
Neopentecostal.
A cidade está
Mais dinâmica,
Entrecortando olhares
De gênero fluido.
Uma mulher
Me pede informação
Com o hálito
De soda italiana
De amoras negras:
“Onde fica o cartório,
Por favor?”
A cada palavra
Vem do hálito,
Agora, amarula,
Licor de cacau,
Suco de laranja.
Demora um pouco
Para a noite.
Uma mulher
Que pergunta
Onde fica o cartório,
No meio da tarde,
Deveria ter hálito de café.
Quase nenhuma palavra
Saiu com a necessária sobriedade.
A noite chega,
E penso, na boca da noite,
Na boca da mulher,
Como um bar
Ou um pub
Que ainda não pude
Visitar.  

domingo, 18 de novembro de 2018

SEM TÍTULO (A CIDADE DELIRA.)

A cidade delira.
Delira sua população,
Todos os povos que a habitam.
Delira, lesbotransita
E transiciona todas as ruas,
Aflita.
Ouve e delira uma vox populi
Pansadomasoquista.
Ouve e delira de Nero a lira
Que incendeia com suas notas
Todas as notícias das cinzas
De um jornal virtual
De uma hora atrás.
Fake news e facials no Face
Deliram, na cidade,
Em sua dimensão ctônica,
Uma revolução sexual.
A cidade delira o corpo envitrinado.
O corpo envitrinado delira a cidade.
A lira, os povos, a população
Deliram a cidade.
O Subway delira,
Rápido como fast food
E como metrô,
Os subterrâneos da cidade.
A cidade delira o modelo urbano,
Seu corpo, suas trincheiras.
O modelo urbano perde sua origem.
O modelo delira.   

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

NO ESCURO

O corpo faz uma espécie
De contorcionismo
Para se livrar do fascismo.
Um balé da morte,
Um extravagante comporcionismo.
É preciso ser versátil.
É preciso ser switch,
Witch, bitch.
Mas o fascismo
Também se contorce,
O fascismo também dança.
O fascismo ronda
Seus órgãos
Desde a mais macia infância.
O fascismo aprende o giro, a rotação;
Não perde o trejeito
E a esperança.
O fascismo beija a pele
Na qual você tatua a #hashtag.
Criar o corpo sem órgãos
Seria uma dança possível?
Desapropriar o gesto, torná-lo puro.
Talvez toda dança
Seja sempre dançar no escuro.

sábado, 21 de julho de 2018

DESREGRADO

Meu corpo mutante,
Minhas regras mutantes –
Gritou a transcyborg
Com o corpo em suspension.
Gotas de seu sangue
Caíam na face de uma observadora.
Na face e na boca,
Que experimentava.
Outros presentes anacolutavam
Suas conversas e gestos
Sobre algumas espécies de anarcolutas.
Meu corpo mutante,
Minhas regras mutantes,
E as regras que o corpo deseja,
Sugere, incentiva e impõe.
Mas agora esse corpo em suspension
Quer suspender todas as regras
(Olhando, todavia, para a lua,
Como um ass worshiper).

quinta-feira, 8 de março de 2018

SEM TÍTULO (ENTRE A)

Entre a
Quebra
E a versura
Há grande
Distância.
Na minha
Estância,
Diria:
Tem muita
Lonjura.