segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

CAFÉ

Milhares de esquizos
Procuram seu corpo.
Milhões de fluxos
Aderem a seus olhos
Sem tornar substância.
Múltiplas morfoses
Pinçam suas reentrâncias,
Seus pelos,
Sua máquina antropológica.
Diversas identidades excitam
Sua utopia antropofágica.
Uma obra de arte
- Um poema -
Opera em seu corpo
A textura, o tato, a pele total
De uma sociedade inoperante
- Uso, desuso, novo uso.
Um devir-índio comunga
Com sua fala, com o calor da voz,
Com o ritmo,
Toca no brilho etimológico perdido.
Seus cabelos despenteados
São o espectro
Do niilismo produtivo.
Seus agenciamentos
Estão fora das agências.
Mas seu plano de imanência
Sempre deixa um torrão
De metafísica no café.       

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