segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

MENTOLADA MUTANTE

Observo os buracos negros de seu rosto,
Sua transformação muda,
As mudas que nascem na sutileza das rugas,
Seu angulado esgar de animal
(Um baixo esgrunhido condiz)
Dormindo um sonho rico em proteínas.
Uma caricatura de Cristo
Resvala em sua posição na cama:
Seu rosto a denuncia.
Madalena uma margarida,
Fazendo seu rosto disputar
Barrocamente a beleza
Com o filete do sol canivetando
Fissuras leves de seu rosto.
Seu riso vago vagaroso
É uma tatuagem debaixo de uma tatuagem
Debaixo de uma tatuagem.
Uma atriz pornô e um bicho-preguiça
Se espreguiçam em seus braços:
Deviragens de laços lassos.
Seu rosto caverino memento de menta
(O odor da bala alucina hipersensória
No templo em miniatura da boca)
Morre para se transformar
Em alguma outra túrgida reação de vida.
Há algo que também é profundamente inumano
Em seu rosto, e que dorme assim que acorda.

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