quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

SEM TÍTULO (O ANTROPOS TROPEÇA NA RUA,)

O antropos tropeça na rua,
Seus tropeços caminham,
Seus caminhos morfeiam
Enquanto ele morfeia com a tecnologia
(Toma pílula, regula o corpo
Desajustado, reajusta seu organismo),
Enquanto alguém reclama
Da ditadura do celular
Para alguém do outro lado do celular.
Um cão passa perto do antropos
E seus rostos se entrecruzam
Em sintonia tecnoselvagem,
Rostidade não mais tão resoluta,
Fazendo o antropos se perceber animal
Sem perceber, por um órgão
Que se levanta repentinamente
(Cartaz da Scarlett Johansson),
Pelo suor, pela necessidade de urinar,
De se arruinar no enxame monstruoso
Das formigas escarlates
- Starlets sob a vermelhidão solar,
Que ele chama de irmãs,
Ainda não tão em cartaz.
Alguém tosse, anonimamente,
E ao tossir é como se uma interpelação
Ideológica chamasse o antropos,
Que não ouve ou ouve mal,
Afinal ouve mais o som múltiplo
E confuso da sociedade complexa.
A psique do antropos
Tem um Freud de ocasião,
Um Winnicott de sobreaviso,
Um Jung de momento,
E muitos deuses com os quais
O antropos morfeia, como agora,
Sentindo sono, morfeando com Morfeu. 

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