segunda-feira, 9 de junho de 2014

RISCO

Suponhamos que um poema
Comece com “Eu te amo”.
Como poderá se desenvolver?
Há muita chance
De cair naquilo que pessoas
(Também ridículas)
Denominam ridículo.
Mas por que esta probabilidade?
O espectro cerebroso de Cabral
Espreitando o dia da noite
Do eu lírico?
As crises contemporâneas
Das relações afetivas
Que fazem com que assumir interesse
Seja visto como fraqueza?
(Você percebe que o poema
Está com sua qualidade
Sob grande risco?
O cisco da prosa ruim
Está incomodando o olho?).
Escrevo “Eu te amo”
E assumo o risco e o cisco.
Que se foda, que se foda.
Quero foder a vida e a arte
Com um sonoro
“Eu te amo”!
Depois eu pisco. 

Nenhum comentário: