sexta-feira, 6 de junho de 2014

CIRANDA

Fetos coagulam uma ciranda.
Um sorriso amarelo de sobrevida
Se comunica como um sol
Esfriando no horizonte.
Penetram e saem
De barrigas enormes
Como montes sorridos pelo sol.
Os fetos se divertem,
Coagulam, estouram bolhas
Um do outro, se bebem.
Fetos sobrevivem em um mundo secreto.
Abortá-los ou não
Não alterará este mundo deles.
No mundo deles
Os adultos é que morrem.
Fazem cabanas com seus ossos,
Objetos totêmicos debochados.
Uma vez me sujei muito
E permaneci de cócoras
Em um canto obscuro.
Desejei demais.
Não encontrei o mundo deles,
Mas a suspeita
De que pudesse encontrá-lo
Me fez não dormir bem
Durante mais de um ano;
Não dormir bem
De tanto pavor e de tanto êxtase.
Ouço um riso súbito até hoje.

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