terça-feira, 27 de maio de 2014

BEBÊ CHORÃO

Fantasio, quero pegar, comer a Beauvoir.
Mas não a pegaria ou comeria em hipótese alguma,
Pois seria um machista:
Mulher não é objeto que se pegue,
Nem comida que se coma.
Porém fantasio, e esta ação de meu pensamento
É incancelável, e quase incalculável.
Fantasia não persegue regra moral,
Então a exponho com todo o desejo
E sem nada que me faça parar.
Pegar e comer...
Não seria bem assim.
Ser pego talvez fosse melhor.
Beauvoir, se me aceitasse como este machista,
Poderia me amarrar
E ensinar filosofia de forma enérgica,
Literalmente me colocar com a cara
Em seus pés,
Me forçar a lições
Que nenhum discípulo teria coragem
De executar
(No banheiro, tirar fotos é coisa de padre),
Me enjaular até que aprendesse
Na força todas as suas reflexões feministas.
No final, ela diria
Que esta minha fantasia
Não iria plenamente se realizar,
Pois não faria um machista gozar.
“Chora, bebê, deseja e chora
Perante o segundo sexo”.
“Sim, Madame de Beauvoir, sim:
Buá, buá”! 

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