domingo, 23 de fevereiro de 2014

CARNAVALESCO

Uma odalisca, prisca,
De outras eras,
Dança como se a anca
Franqueasse as esferas,
Franca como o samba-enredo
Que também enreda
Um travesti de um dia
E uma negra arisca
Que confunde sua beleza
Com a da noite,
Fazendo-a sambar.
Neste momento a negra aparece
E a voz que embranquece
Com alegria grita
Que o país não é racista,
E o povo acredita.
Carnaval é o aval
De que tudo vale,
E talvez tudo valha
Se não for algemado
Como vândalo
De manifestação popular.
Carnaval é o aval
De que tudo vale,
Mas meus desejos
Sentem além da estesia:
São navalha na carne,
E alguns me fazem chorar.

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