quinta-feira, 17 de outubro de 2013

MANIFESTO

Logo partirei para uma manifestação
Já com a perigosa sensação de rotina.
Termino o PF pensando na PM:
Que grau de vandalismo terei de suportar?
Prefiro não usar máscara
Nem ser anônimo.
Parto para a manifestação
Já com a perigosa sensação de espetáculo.
Quais as pautas?
Alguns fazem do despautério a pauta,
Outros fazem pautas das calçadas
E da rua o caminho,
Antes de qualquer definição.
O povo grita a nação
E se esquece de gritar povo,
Assim como se esquece
De que há povos entre o povo.
A sociedade é um polvo.
A performance absorve a manifestação,
Performance para book e Facebook,
Mas artística também.
Ou então o espetáculo das ruas
Transformou a rua no palco
Onde arte, protesto, cotidiano
E comunicação tenham atingido
Um patamar de identificação
Ainda não mensurado?
Há muito pacifismo de um lado,
Muita violência de outro.
Às vezes não se define o lado,
Mas um dos lados sempre está mais correto,
Enquanto o outro é o Estado
Promovendo estados de sítio
E de exceção.
A volatilidade do espetáculo do povo
Às vezes adquire peso, solidez.
O público às vezes não sabe
Como reagir perante um espetáculo,
Não sabe como agir,
Não sabe o que fazer
Com a memória dele,
Com seu impacto.
O público procura criar
Uma resposta espetacular
Para compensar a reação.
Se a crítica não for construtiva,
Ou melhor, se a crítica não for construção,
Muito artista se revolta ainda mais.
Para alguns deles, até, a rua é o lar.   


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