segunda-feira, 2 de setembro de 2013

SEM TÍTULO (TODO OLHAR É UM GESTO DE OUTRO OLHAR,)

Todo olhar é um gesto de outro olhar,
Simula outra parte do corpo,
Do próprio corpo, do corpo do outro,
Do outro próprio corpo.
Todo olhar é a simulação
De um estofo múltiplo de olhares
De origens diversas dissimulando a própria origem.
Há uma vagina devoradora
Em cada poro do corpo,
Cada uma delas tentando olhar
A devoração como usina sensual
Criadora de outros corpos.
Todo orifício é sagrado
Nesta metafísica da imanência,
Todo orifício é usina sagrada.
Toda vez que um olho,
Mesmo sendo do próprio corpo,
Olha o corpo,
Há um fenômeno diverso de corpo,
Há uma corporificação nova
Estimulando a latente.
O corpo criador, divino e imanente,
Sacraliza os poros da folha de papel
Ao testá-lo no sacrifício.
Os olhares se entrecruzam
E o corpo é o sacrifício.
A ausência de pele
Encontrou sua verdade vermelha e branca.
A verdade santa,
A crença concreta, lanhada, arranhada.
Dos olhos, agora, só o orifício. 

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