segunda-feira, 16 de setembro de 2013

PERFORMANCE

Uma atriz,
Pelo acicate da cicatriz
De mastectomia,
Encenou, na beira da fronteira
Do chamariz noturno,
Uma performance
De estética fragmentária.
Encenou para si mesma
E também para um alicate
Esta performance
De tônica tectônica
Provando que o fragmento
É um constructo sólido
De forma vária.
A cicatriz parecia crescer
E diminuir,
Parecia percorrer o corpo,
Extraindo e recompondo membros
E outras partes,
Diminuindo e aumentando
O corpo da atriz.
A estética se tornou
A própria cicatriz,
Serpentina, sibilante e sibilina
Como profeta
Que não quer mais prever
Qualquer profilaxia.
A cicatriz percorreu o pescoço
Mas antes da degola ou asfixia
Criou novos corpos
No seu corpo,
Incorporou a noite no corpo
E se contrastou com relâmpagos
Vermelhos e roxos,
Tatuou de nebulosas
O corpo de hematomas
Como se já tomando
O Universo nas somas
Das metamorfoses.
Após, a cicatriz descansou
Na ausência de seio
Enquanto braços com folhas
Escureciam seu sono.

Nenhum comentário: