quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Há muita agressividade, às vezes, em um olhar amoroso.
A retina quer aprisionar a imagem do corpo alheio,
Retirar a liberdade deste corpo
Pensando em com isto conferir outra liberdade.
O olhar amoroso canibaliza o corpo alheio,
Pois sabe que o canibalismo é um ato sagrado,
Um ato de fé, apaixonado.
Porém de busca de poder também.
A retina sabe o que sobra e o que se retira do corpo alheio.
Ela não é alheia a nada, nem à fé nem ao poder.
Um olhar amoroso é quando o globo ocular
Tenta calcular a ilusão de que o globo terrestre
Não pode ocultar o objeto de desejo,
E que este objeto, que não é objeto,
É passível de inspeção detalhada
E apreensão de alguma essência maturada.
Mesmo sabendo que não há nada no corpo alheio
Além do corpo, o olhar amoroso nele vê
O maior anseio ao poder e à fé.
O amor seja isto, talvez: uma imagem motivada. 

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