domingo, 29 de setembro de 2013

DOBRAS

Um ritmo natural oculto na dobra de um dendrobium
Germina calma na textura de meu dedo, como um texto
Esperando o ócio passar para ser lido e ter as palavras
Levemente absorvidas por uma mente absorta
Que pretende não usá-las em favor de qualquer reintegração [prática.
Há sempre uma ética e uma poética na dobra das coisas,
Com seu ritmo próprio e sua insuspeitada capacidade
De ultrapassar o limite de suas bordas,
Atingir a realidade de modo inverso, pela potência da [impraticidade.
A árvore da vida acalmou ainda mais a existência
Ociosa de minha pele, a leu ao léu das dunas do que havia para ler.
Porém um leve adormecimento nas pernas me impele a caminhar [um pouco.
Um amigo da zona rural passa e carrega o sotaque de poesia:
“Oi, óia só, o sor drobô”!
Anoitecia.
Olhei com a fímbria do olho e brinquei mesclando mentalmente
A poesia com o pedantismo farto:
“O sor drobô, parece um dendróbio
- Dendrobium fimbriatum!

Nenhum comentário: