domingo, 18 de agosto de 2013

Ela anda nas ruas desempregada,
Desrumada e desarrumada,
Não há nada que seus pés não passem,
Vê a cidade com olhos panópticos
Que buscam uma espécie imprecisa
De liberdade, de paz,
Mas há sempre a saudade
Que assola uma rua passada,
Que soluça em uma calçada,
Que calça o luto de um momento
Impercebido que não volta,
Mas a ausência de retorno
É a mesma que possibilita a corrupção
De uma coisa em outra
E que promove outra visão
De uma coisa e de outra,
Espreita e espectra a cidade
Em seu panorama e detalhes,
Fuma a maconha que da cidade emana,
Inala a cocaína que a cidade evade,
Invade o sentimento
Na indiferença das coisas,
Saboreia a vertigem da razão
Das coisas em sua ausência de função,
O fardo é andar,
A cidade é um templo
E sua religião não é percebida,
Ela anda como se respirasse,
Busca o amor nas ruas,
O ódio, a liberdade, a paz,
Ela sofre quando a cidade acorda,
Há prazer neste sofrimento,
É preciso andar até a morte.

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