quarta-feira, 17 de julho de 2013

SEM TÍTULO (NESTAS RUAS NOTURNAS HÁ MUITO CÃO.)

Nestas ruas noturnas há muito cão.
Alguns aí estão por causa de donos imbecis,
Outros pela ausência de donos.
De qualquer modo passam frio e fome.
Às vezes fico tentado a querer vê-los mortos,
Assim como Sade em um acesso de falsa esquerda
Queria ver mortos os indigentes e seu sofrimento
Perante um Estado inoperante.
Às vezes os observo devorando gatos,
Estraçalhando-os cada um ao seu lado.
O sangue matutino não será só do pôr-do-sol,
Eu sempre soube.
Schopenhauer também era um estúpido sabido:
A Natureza é cruel, não só o homem.
Casou-se com um cão, enfim...
Alguns rústicos das antigas ainda se casam com animais.
Hoje existe a discussão sobre zoofilia e crime.
Estas discussões ofendem minha inteligência
E paciência.
Os cães me perseguem na noite,
Alguns medrosos, outros raivosos.
Os malditos sabem o que pensamos
Através da ausência de pensamento deles.
Tento dispersá-los, mas sei
Que nunca fugiremos dos cães. 

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