quarta-feira, 12 de junho de 2013

O PRAZER

Imagino uma espécie de carícia
Em suas papilas gustativas
Incendiadas pela fome.
Esboço gestos de água
Relacionando meus dedos
Com minha própria saliva
Enquanto degusta um doce com creme.
Um folículo de luz treme
Na gota da língua
Com o mesmo rumor de queda
Que o sol investe na gota da folha.
O odor do cabelo será o sabor do doce
E vice-versa no prazer
Microscópico de análises clínicas
Que amplio nas pequenas coisas vastas
Ou na ilusão delas.
Quando o doce desce na garganta
Você fica inteira doce
E nem há tanto sentimento nisto:
Você fica doce,
Seu sabor deve mudar no olfato,
Seu odor deve acentuar no palato
Um apelo adocicado que começou
No labirinto meio ordenado do cabelo.
Doce, docilidade no andar pétalo e cremoso,
Creme de rosas sujando o chão
E pedindo para ser limpo
Humilde e docilmente.
Direciona à língua com o dedo
A réstia no canto da boca
E sorri com o próprio prazer
Um sorriso doce e malicioso
Como se estivesse guardando no corpo
O segredo da emancipação maior
Da humanidade.  

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