quinta-feira, 27 de junho de 2013

Há estranheza nas coisas.
Há estranheza no homem.
A estranheza é natural, mas não é fácil.
A estranheza é uma conquista
Da impotência,
Da legitimidade do homem.
O passo desviante da rotina
Que o esquecimento guia,
As sílabas desconexas ao palato do sono
Ou mesmo na vigília profunda,
O braço que se ergue
Como se um inimigo fosse surgir imprevisto,
Tudo isto é impotência,
O homem é tudo isto,
Este coágulo de desvio, de estranheza,
O curto-circuito na fiação narrativa,
Na fiação da própria narração.
E nesta filiação à impotência,
Negada pelo próprio homem,
É que tudo o que é humano pode ser o que se é.

Nenhum comentário: