domingo, 2 de junho de 2013

, sempre o prazer e o sofrimento
de viver a sensação inóspita,
de um pai apaixonado pela filha,
criando a filha para se apaixonar mais profundamente,
uma filha parecida com a mãe morta,
a filha cadáver vivendo na violência
do coração paterno, terrivelmente terno,
mas afastada do coração
a filha cadáver vicejando na mão
do maconheiro de sábado à noite
e pensando em como o pai gostaria de estar ali,
nem que fosse junto com o maconheiro,
no meio da fumaça do cigarro,
nem que fosse vendo a filha sentir prazer
com o maconheiro, acenando que ela sabe,
que ela saberia sentir com ele,
e que ele seria homem para ela,
e até maconha ele fumaria,
e até cheirar ele cheiraria,
e depois reeducaria o bom caminho,
após a cama e o último carinho,
viver a sensação inóspita
da paixão pela irmã, a grande irmã
linda como a paixão de um pai incestuoso
reeducando a filha, a grande irmã
mais velha, meio sádica e bobalegre
a que não se negue uma pitada de lesbianismo
espocando na esquisitice de uma pinta sexy,
a irmã casada, caçada pela memória
nas noites onde a solidão deixou a solidão sozinha,
sempre o prazer e o sofrimento
de viver a sensação inóspita
de qualquer negação extrema,
deuses mortos brotando ausentes nos arredores das cidades
contando suas crepuscularmente metafísicas dores,
o caminho tortuoso autofecundante de qualquer idealidade,
o amor comprado com foros de verdade
e flores fake fartas de postura fria sem pedir água,
o abismo sutil entre o discurso e um espaço vazio,  

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