É
tempo de colheita.
Colher
o que de qual empreita?
Colher
o fruto, colher o dia?
Nenhum
Horácio flui como seiva
Nesta
flor do Lácio.
E
Orfeu? Órfão de Eurídice
Permanece
cantando algo
No
momento em que eu nada disse?
E
se Orfeu for este órfão
Pedindo
esmola amolando
Sua
voz aguda no canto da calçada?
Esta
questão é de minha alçada?
Nenhuma
voz alcançada cede à lira
Uma
esmola de verso
A
não ser este e talvez não seja isto pouco,
Ainda
que se confunda com a buzina.
Que
seja o que resta no resto
Enquanto
repasto que contenha alguma pasta
Nutritiva
caindo dos caminhões de lixo
Que
atravessam as cidades do mundo.
Talvez
aquele órfão lamba esta pasta.
E
o que pode acontecer?
Ninguém
sabe.
Ele
pode viver, pode morrer.
Penso
em poesia e em políticas públicas agora.
Há
algo mais para se pensar?
(Qual
o aspecto de Perséfone?).
Toda
colheita é maldita.
Mas
colher o quê?
Que
poder terrível sobreviverá o milharal?
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