quarta-feira, 17 de abril de 2013


Este mênstruo lunar
Já me incomoda,
E o espectro
De nenhum complexo
Sente culpa.
Aqui não há só representação,
Não há só um.
A unidade da identidade
Está ali, na metade
Da zona de sombra,
Mas esta sombra é também obra:
Mênstruo.
Porém me incomoda.
O sangue dispersou
E tingiu estrelas,
Atingiu uma órbita
Muito além da prevista.
A lua zumbi,
Doadora de sangue,
Encena uma morte langue.
O céu é um palco de sacrifício.
Belo artifício...
Mas sangrou demais
A lua defunta
Que ainda interpreta uma rainha
De marfim de elefante alvejado.
A lua defunta rocambola no espaço.
Parece de marfim, parece de aço.
Talvez, ao invés de mênstruo,
Seja suicídio?
Ouço um choro de bebê sem regaço.
Na minha órbita
Se pode assistir ao fim do teatro:
A lua defunta
E um choro de bebê no espaço...
Aqui não há só representação.

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