sexta-feira, 22 de março de 2013


Desta vez a presença de uma noite me aniquila.
Uma presença sem origem nem finalidade.
Uma noite que é uma só imagem,
E digo imagem por não haver outro nome,
Na realidade.
Esta noite seduz, é um labirinto
De viajante órfico sem lira
Que organize o fascínio do caminho,
Este fascínio do medo.
Tudo o que a sombra euridisse
Não vibrou fora da sombra
- Como um amálgama de sombra
Indissoluvelmente noite.
Uma outra voz, um outro lado
Me colocaram no centro desta noite
Sem centro, pois o centro é a própria noite.
Uma outra voz que não é voz,
É vibração do outro lado.
É tudo noite, a bem da verdade.
Como sair desta noite
Até encontrar uma noite mais superficial?
Estou fascinado e com medo.
Quero a superfície,
Pois a autenticidade desta noite
Pesa em demasia nos olhos,
No fascínio e no medo.
A autenticidade, esta força provinda da fraqueza,
Poder sem poder da fragilidade.
Onde termina, onde deixa de ser?
Noite, nostálgica noite reconhecível,
Não estou vivo e quero ainda morrer.
Quero observar uma estrela, uma rua deambulável,
Um pub onde sentar e comer,
Mas esta noite é vasta demais,
Maior que eu, interior e subtraída de mim.
Esta noite é a abertura do que não tem fim.
Digo tudo através do irreconhecimento.
Palavras aqui são indômitas ou mudas.
Não me compreender e não compreender a incompreensão
É a possibilidade, mas a possibilidade
Existe enquanto possível
Somente na noite reconhecível.
Quero a noite de volta,
A noite concebível...
O que falo calo:
A solidão desta noite só cabe no indizível.

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