quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Sua urina percorre meu sangue em jatos.

A textura de suas fezes convence minha pele,

Confabula com meu nariz e tenta aliciar minha boca.

Seu suor abre os olhos de todos os poros.

Todos os poros têm olhos para você,

Têm óleos escorrendo, e não são raros;

São óleos de cozinha, que cozinham onde escorrem.

Eu estou parado, e todas as coisas correm.

O amor é um perfume que perpassa

O espaço de vôo entre a mosca e o estrume.

É a magia branca do talco desflocado

Que sobe atenuado ao odor do ânus que assa.

A vida é líquida, e eu gosto de vários tipos de taça.

Sua urina tem sangue, e eu calculo

O sabor dos pratos que você come

E que te alimentam o cálculo...

(Nem toda chuva é de ouro... Há as de cristal).

Sua urina tem pedra, sem nunca o tom ético

De um chamado João Cabral de Melo Neto.

Estas lições são de rim, uretra e mesmo do canal: reto.

A vida é atriz

E Deus foi a única meretriz que não consegui pagar.

A vida é sólida mas diz

Que não há chance de uma pedra (molhada) filosofar.

Um comentário:

cético disse...

Carlos Eduardo, gostaria de parabenizá-lo. Este é um dos poemas mais belos que eu já li. Muitas coisas eu já senti e pensei são aclamadas gloriosamente neste poema. Parabéns, mais uma vez!